Onde foi parar o tempo que ganhamos?
Na nossa infância tudo era docemente demorado e dificultoso. Haviam campinhos de futebol em cada terreno baldio e aparelho de televisão era coisa de poucas famílias.
Para brincarmos de carrinho de rolimã, tínhamos que ir atrás da madeira pela vizinhança, esperar juntar dinheiro para comprar o rolimã e martelar cada peça como uma montadora criando seu carro.
Minha mãe fazia pão, bolo, bolacha em casa e minha avó ficava com seu fogão a lenha aceso o dia inteiro para fazer potes com doce de leite, doce de goiaba. Ah, ela também, a avó, fazia a manteiga.
Tudo era mais demorado, mais difícil, mais trabalhoso. Em contrapartida, a TV hoje é ligada por controle remoto. Telefone celular obedece a comando de voz. Mesmo sendo tudo mais fácil, falta-nos tempo para tudo. Engolimos o almoço. Substituímos o jantar por um lanche rápido. Estamos sempre atrasados. Então, eu me pergunto: onde foi parar o tempo que ganhamos?